Comandante fala em integração entre as Forças de Segurança e aproximação à comunidade: “A ideia é nunca deixar de trabalhar com a comunidade, porque sozinho não dá”
O Tenente Coronel Eduardo Yasui é o novo Comandante do 34º Batalhão de Polícia Militar do Interior – BPM-I. Ele recebeu a reportagem da GB e GB Norte na terça-feira (15) e falou sobre sua trajetória e pretensões como comandante na cidade. Com uma trajetória ímpar na corporação, Yasui deixa o cargo de Chefe do Estado Maior, no Comando de Policiamento Interior – CPI-2 para o que classifica como “sua última missão”, antes de se aposentar. E é uma missão de paz, tanto interna quando externa. “Essa é praticamente minha última missão. Minha ideia é trazer essa tranquilidade para Batalhão. Aqui é uma região “Sui Generis” (termo latim utilizado nomeio jurídico que significa: única em seu gênero), o 34º congrega 16 cidades e eu comandava um Batalhão com sete, então aqui os problemas são maiores”.
O oficial destaca a integração entre as Forças de Segurança, especialmente com a Guarda Civil Municipal. “A criminalidade é uma só e o ideal é que a gente trabalhe de forma integrada. É uma Guarda muito bem estruturada, muito forte, bem atuante, com Canil, Cavalaria, o policiamento de motocicletas e que cuida do monitoramento”, diz o oficial, que trabalhou com as Guardas de Campinas, Vinhedo, Várzea Paulista, Campo Limpo Paulista, Jundiaí e Itatiba. Outra medida primordial para o oficial é a aproximação entre a população e a Polícia Militar, para desmitificar e as pessoas de bem entender que a PM é o ponto de apoio delas. “A ideia é nunca deixar de trabalhar com a comunidade, porque sozinho não dá”. Para isso, o comandante pensa em diversas ações, como projeto voltado para crianças e programas como o Proerd, Vizinhança Solidária e Atividade Delegada que são ações que, além de auxiliar na prevenção e combate ao crime, aproximam a comunidade da corporação. Aliás, em uma de suas primeiras ações, o novo comandante do Batalhão se reuniu com o prefeito Jesus Chedid na quinta-feira (17) e tratou sobre a reativação do convênio de Atividade Delegada da Polícia Militar, suspenso desde o dia 27 de janeiro.
A Atividade Delegada, em que o policial além do patrulhamento preventivo ostensivo, vai autuar onde o município precisa, com ações conjuntas entre fiscais de posturas, GCMs, Polícia Civil em áreas que necessitam de apoio da PM. Recentemente foram feitas operações conjuntas em bares da cidade e com a participação da PM, que atua desde o flagrante criminal, junto com a GCM, até às autuações administrativas. Ele também pretende retomar outra importante parceria que é o programa vizinhança solidária, uma aproximação entre cidadãos e a PM, que auxilia diretamente na ação policial. Afinal, ninguém melhor que os moradores para saber se há algum estranho, ou veículo suspeito espreitando pelo bairro. Se isso for detectado, a PM é acionada é irá ao local fazer a verificação da suspeita.
População e PM – Para o Tenente Coronel, a aproximação entre a população e a Polícia Militar é essencial, porque o propósito é desmitificar a ideia que a polícia é distante da população, e isso é exatamente o contrário. Entre as ações de aproximação está um projeto que o oficial criou quando comandou o 49º BPM-I, que oferecia aulas de jiu-jitsu para crianças. Segundo Yasui, essa medida aproximou a população da Polícia, porém, com a pandemia, a ação precisou ser paralisada. Agora, com a retomada das atividades, a ideia é de se fazer um projeto como esse no 34º BPM-I, com professores locais e estreitar esses laços. Ele também diz que a sede do Batalhão está aberta a qualquer um que queira conhecer de perto o trabalho. “É importante a gente trazer (a população) para dentro do quartel, a ideia é desmitificar. O quartel está aberto à visitação, para as pessoas conhecerem. Aqui trabalham policiais nos setores de pessoal, operações, almoxarifado, frota, portaria, mas é importante que se conheça para aproximar”, explicou o oficial.
O comandante também falou que pretende retomar o Proerd – Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência, paralisado por conta da pandemia e o JCC – Jovens Construindo a Cidadania, voltado para o público adolescente. Ele também falou que em Atibaia existe a mediação de conflito, composto por policiais que mediam pequenos conflitos como separações e problemas mais simples. O oficial ainda explicou que agora irá analisar o que cada cidade oferece para ver quais serão as medidas a serem tomadas.
Força Tática – Sobre a tropa de elite do 34º Batalhão de Polícia Militar, a Força Tática, o Tenente Coronel Yasui, explica que a equipe tem atuado como apoio de efetivo, auxiliando as equipes em ocorrências. Essa medida é uma forma de equalizar a defasagem de efetivo. Porém, o oficial disse que tem ideias para a equipe tática e falou em retomar o contato com as delegacias especializadas da Polícia Civil, como a DISE e até da DIG, que tem um bom sistema de inteligência, e uma parceria é em nome de um bem comum em benefício da população. Uma parceria nesse sentido remete ao tempo do saudoso e experiente delegado Dr. Joel de Luna Bozolo, que com uma boa equipe de investigadores realizou diversas ações contra o tráfico de drogas em parceria com a Força Tática, desarticulando na época uma das maiores quadrilhas de tráfico que agia em Bragança na região do CDHU.
“É uma questão importante a gente atuar nessa área. Hoje o tráfico traz uma série de outras consequências, com crimes maiores ou menores, porque dependendo do vício, ele vai furtar, roubar, podendo chegar ao homicídio”
Prevenção e diagnóstico – Uma das visões do comandante é o diagnóstico das cidades e ver como está a situação de cada instituição de segurança. “Em Itatiba fizemos, cada um com a sua dificuldade, um trabalho muito bom no sentido de baixar a criminalidade. Em 2008 fui para lá, num momento em que a gente vivia numa guerra de duas facções criminosas, com o índice de homicídio alto e eu fiz um diagnóstico de estrutura da Guarda e da PM, desenvolvemos uma série de medidas e com base nisso conseguimos montar ações que nos deram resultados satisfatórios”. Para Yasui, investir na prevenção é uma das formas menos onerosas e que auxilia muito no trabalho policial. Para ele, a conscientização, identificação de qual público está sendo vítima de crimes pode auxiliar na redução de dados. Até porque o processo é longo, não termina quando o policial prende o criminoso e sim se estende por todo um processo, que gera custos ao erário e termina com a condenação, que leva o criminoso à cadeia e continua gerando custos ao Estado. Atualmente, o Brasil está entre os cinco países que mais prende pessoas no Mundo, e com isso, consequentemente gera um gasto enorme para os cofres públicos. “Claro que zerar a criminalidade seria muita pretensão minha, até porque o crime não depende só também da polícia. Tem a ver com a questão de local, como está a via, se está iluminada ou não. A parte da prevenção, que é a menos onerosa, é que se deveria investir, com trabalho de conscientização, identificação de qual público está sendo vítima de crimes e tentar trabalhar com isso e aí, para quando acontecer o crime, que não é bom que aconteça, entra a parte de atuação”, explica.
Artes marciais – Especialista em artes marciais como aikido, taekwondo, krav magá e jiu-jitsu brasileiro, o oficial explica que tentou se aperfeiçoar para o dia a dia nas ruas, “sou faixa preta de aikido, taekwondo, faixa marrom em krav maga e iniciante em jiu-jitsu brasileiro”. Para o Ten Cel. Yasui, o aperfeiçoamento em artes marciais é um grande aliado do policial no dia a dia e é uma ferramenta para evitar o uso de armas letais. “O Policial tem que estar preparado para todas as situações, a arma de fogo seria o último recurso a ser utilizado e é importante que a gente conheça (artes marciais)”. Em um escalonamento internacional, a primeira ação deve ser a negociação com conversas, se não adiantar entra a técnica de defesa pessoal, com o uso de algemas e dependendo da situação a imobilização como meio de defesa da integridade física dos envolvidos, seja policiais, vítimas, testemunhas e até do próprio suspeito. Se essa ação também falhar entra o uso de armas menos que letais, como bastões de borracha ou tonfa, teaser e gás de pimenta. Se todos esses recursos não funcionarem aí sim é usada a arma de fogo.
Trajetória – O Tenente Coronel Eduardo Yasui tem ampla experiência operacional. Antes de receber a missão de assumir o 34º BPM-I, estava lotado no Comando de Policiamento Interior – 2, como Chefe do Estado Maior. Ysaui está na PM desde 1993, e como aspirante a oficial foi lotado em Franco da Rocha, no 26º BPMM (Batalhão de Polícia Militar Metropolitano), logo após passou 1 ano no 11º BPM-I- (Jundiaí, Itupeva e Cabreúva) e depois, em 1995 foi para o 35º BPM-I (Campinas). Em 2006, retornou à região de Campinas onde, junto com o Major Satto e Paulo Gomes, recebeu a missão de criar o 1º Batalhão de Ações Especiais o BAEP, o qual foi subcomandante. Ele destaca que estava fazendo seu mestrado profissional em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública e talvez, até por sua experiência, uma vez que atuou no Policiamento de Choque do 35º Batalhão. Ele permaneceu nas Ações Especiais até 2018, quando foi promovido à Tenente Coronel e assumiu o recém-criado 49º BPMI, em Jundiaí. Em agosto de 2020, foi nomeado para a função de Chefe de Estado Maior, no CPI-2, que tem comando sobre oito Batalhões. Casado, pai de dois filhos, Yasui diz que quando seu pai veio do Japão, antes de ir viver na região de Jundiaí, veio para a cidade de Amparo, região hoje a qual ele é comandante do policiamento.