WAGNER AZEVEDO
Não bastassem alagamentos, enchentes, deslizamentos, casas engolidas e muita gente morta, tudo na conta da chuva, como se as autoridades não tivessem sua cota de responsabilidade, agora o consumidor também está sendo penalizado pelo custo absurdo dos produtos hortifrutigranjeiros, que estão nas alturas.
Culpar a chuva, além de ser o caminho mais curto, não corre o risco de gerar debates e discussões, porque chuva não fala, porém escancara a incompetência dos governantes.
Nesse pacote de preços abusivos, entram custos de produção, forte calor, chuvas contínuas, além do preço dos insumos e a qualidade dos alimentos. E esses preços, segundo os entendidos (muitos deles conhecidos por atravessadores), podem subir ainda mais, dependendo da persistência das chuvas. Ou seja, um fenômeno da natureza tachado de ‘persistente’.
Essa disparada nos preços englobam feirantes, supermercadistas, varejões, sacolões e outros ‘ões’ Brasil afora. Só que a coisa pegou, de verdade, no bolso dos consumidores, nos últimos 20 dias.
Os vilões da temporada são a batata, a cenoura, a couve-flor, o brócolis, o mamão e, claro, a estrela maior, o tomate, vendido a vergonhosos R$ 10 o quilo. Dependendo da oportunidade, as pessoas podem presentear aniversariantes e amigos com dois ou três quilos do produto. Presentão!
Além do atravessador, também há aquela figura nefasta do aproveitador, que vai no embalo climático para justificar aumentos, como no caso do queijo, que subiu muito, e que nada tem a ver com chuva.
Chama a atenção o fato de alguns produtos estarem em falta, mesmo com preços que extrapolam o bom senso. De outra parte, quem pode paga, quem não tem condições troca de item, compra menos, corre na feira só na hora da ‘xepa’ ou simplesmente deixa de comprar.
Todo ano tem chuva, todo ano há problemas meteorológicos, mas ninguém, de governantes a produtores, se mexe para encontrar soluções. Preferem que a coisa corra solta, na base do trecho da música de Zeca Pagodinho: “deixa a vida me levar”.
Aquele prato colorido, recomendado pelas autoridades de saúde e quase um mantra de nutricionistas, está dando lugar ao ‘preto e branco’. E que também está com preços ‘pela hora da morte’.
De volta ao começo, o melhor mesmo é culpar a chuva e fazer milhões de brasileiros ignorantes acreditarem nisso. É mais prático.