Jonathan Alberti
“Um verdadeiro inferno!” essa foi a expressão que moradores das ruas Joaquim Leocádio, Olavo Toledo Leme, Miguel Salaroli, Emílio Kuntgen e José Serrano, que circundam a garagem da empresa JTP Transportes, usaram para definir a gritaria, os alertas sonoros de ré e o uso de ferramentas pneumáticas dentro do prédio da empresa durante toda a madrugada. Se não fosse a barulheira infernal, os moradores ainda têm que conviver com os ônibus da empresa saindo da garagem em alta velocidade, além de carros fortes e caminhões tanque que também transitam pelas recém asfaltadas ruas do bairro. Segundo os moradores, foram feitas diversas reclamações na ouvidoria da prefeitura, Guarda Civil Municipal, Polícia Militar e até
um Boletim de Ocorrência, porém, até agora nenhuma solução foi tomada. Eles também tentaram falar com a diretoria da empresa que até agora não resolveu em nada o problema “Eles falam que vão melhorar, mas a princípio não tem solução nenhuma. Já tentamos várias vezes conversar amigavelmente, tentamos conversar com diretores e até agora nada, lamentou um morador.
A reportagem da GB Norte e Gazeta Bragantina esteve no local por dois dias seguidos ouviu moradores e constatou que os problemas vão além do desrespeito. Durante a madrugada registramos que não são apenas os barulhos das ferramentas, motores de bomba e alertas de ré que atrapalham o sono dos moradores. Por volta das 0h00, registramos muita gritaria, cantoria e até roda de piadas em pleno pulmões. Esses problemas também foram citados por moradores que disseram já ter batido na porta da garagem às 2h30 da manhã para pedir para que os funcionários “maneirassem no barulho”. “É inaceitável a gente ter que se medicar para conseguir dormir. Eu por exemplo tomo remédios, senão, não consigo dormir. Além disso, tenho minha filha pequena que sempre acorda assustada com os barulhos”, relatou outro morador.
Eles ainda relatam que desde que a empresa se instalou no prédio, a região que era tranquila virou um inferno. Muitos dos moradores saem para trabalhar às 4h, 5h da manhã, alguns têm que ir até outras cidades como Atibaia e não conseguem dormir. “Eles têm um revólver pneumático, que é para tirar pneu dos ônibus. Isso é um inferno às 2h, 3h da manhã. Não tem respeito”, explicou outro morador. Além disso, o barulho de lixadeira e batidas em lataria, como se estivesse sendo feita a funilaria dos carros ecoa pelas ruas e atormenta o sono dos moradores. O anexo I 4 do edital da Concorrência Pública 005/2019, exemplifica no item IV que: “IV Área para serviços de manutenção (…) D) Funilaria e Pintura. As áreas de funilaria e pintura devem evitar a POLUIÇÃO SONORA E AMBIENTAL, tomando-se as medidas previstas em legislação e normas ambientais vigentes. Ter sua construção isolada das demais áreas da oficina e possuir perfeito sistema de exaustão” o que aparentemente não está sendo cumprido pela empresa JTP, uma vez que durante toda a noite os moradores relatam barulhos dos equipamentos que são usados para funilaria dos veículos. Imagens aéreas mostram que os barracões de manutenção são abertos, sem isolamento de som, o que forma uma verdadeira “concha acústica” ecoando todo e qualquer tipo de poluição sonora pelo bairro.
“Outro dia chamamos a PM às 2h da manhã. Primeiro disseram que não tinha representante da empresa, mas a hora que a viatura chegou apareceu uma moça que justificou que os ônibus têm que passar pela manutenção para rodar no dia seguinte”, revelou um morador que ainda questionou, “Mas não tem que ter ônibus reserva? Uma empresa de ônibus tem que ter ônibus reserva enquanto outros passam por manutenção, mas, não, é mais fácil fazer barulho 2, 3 horas da manhã”. Eles ainda relatam que muitas vezes os sinais de alerta de ré dos coletivos ficam ligado por um bom tempo. “Esse barulho de ré é a madrugada todinha. A partir das 22h esse barulho piora e dura quase toda a madrugada”.
Outro problema relatado por eles e constatado pela reportagem é que a portaria da rua Olavo Toledo Leme tem sido usada para a entrada de ônibus, carro forte e caminhões tanque. Os moradores relatam que o trânsito desses veículos tem abalado as casas que literalmente tremem com a passagem dos carros pesados. A GB constatou o problema na esquina da rua Joaquim Leocádio e de dentro do carro sentiu o tremor de um carro que passou acima do limite de velocidade permitido para áreas residenciais. Aliás, a alta velocidade desses veículos tem amedrontado moradores. “Antes aqui era cheio de criança brincando, empinando pipa, andando de bicicleta, todas daqui do bairro. Agora, com os ônibus passando em alta velocidade todos têm medo de sair”, relatou um morador da rua Joaquim Leocádio. A reportagem apurou que em uma ocasião um morador da rua Emílio Kuntgen chegou a se irritar com um motorista que passou em alta velocidade enquanto suas duas filhas pequenas andavam de bicicleta. Os moradores da região alegam que na rua das Indústrias existe um portão para a entrada dos carros, pois a entrada dos veículos pela rua Olavo de Toledo Leme está atrapalhando, e muito a vida dos moradores. “Tem carro que vem e fica buzinando às 3h, 4h da manhã”, lamentou um dos moradores. Aliás, oficialmente nenhum dos endereços é da empresa. Segundo o site da JTP, o endereço da empresa é na rua Miguel Salaroli, 251, o que não corresponde com o real endereço da garagem. Segundo edital da concessão, a prefeitura disponibilizou um terreno de 14.889 ,99 m2 para que a empresa se estabelecesse. Porém, conforme apurado, a empresa não quis construir a garagem no local e optou por alugar o prédio da antiga Paulifresa, na Hípica Jaguari.
Lixo – Como se já não bastasse a barulheira, a sujeira também é alvo de reclamações. A fachada da empresa não tem uma lixeira e, com coleta três vezes por semana (segunda, quarta e sexta), o lixo é colacado na rua, no meio fio, e é espalhado por cachorros e gatos. “Uma falta de respeito. Essa empresa não possui uma lixeira. Fica lixo jogado na porta, o cachorro vem rasga e espalha por toda a rua. Não custa fazer uma lixeira. Olha a frente dessa empresa, nem favela é assim. É uma nojeira isso aí! ”, afirmou um morador que preferiu não se identificar.