Os mitos que envolvem criaturas marinhas sempre me intrigaram mais, pois o fundo do oceano é um território que ainda não foi totalmente explorado pelo ser humano; além do que, estima-se que conhecemos apenas 20% de todas as espécies marinhas. Suas profundezas escondem incontáveis mistérios.
Por volta dos anos 90, o congelante mar da Antártida surpreendeu marinheiros japoneses, ao toparem com colossais criaturas humanoides, brancas como a neve. Perturbados, logo batizaram os desconhecidos seres como Ningen – nome que vem da palavra “humano”, em japonês. Após difundir-se em solo nipônico, a história ganhou outros relatos bizarros de marinheiros e pesquisadores de diferentes nações. Assim, aquelas figuras níveas ganharam notoriedade no mundo todo, sendo automaticamente integradas às lendas náuticas, e aos segredos do nosso continente gelado.
Subindo ocasionalmente à superfície, sobretudo ao anoitecer, os monstros são descritos com um corpo humanoide terminado em cauda de baleia, além de braços longos e esqueléticos. Podendo variar entre dezoito e trinta metros, os Ningen possuem um corpo totalmente branco e de aparência macia, destacando-se apenas seus olhos negros e sua boca sem expressão.
Embora os mais incrédulos acreditem se tratar apenas de uma baleia beluga, ou de grandes arraias albinas, os Ningen carregam uma forte crença daqueles que navegam pela região. Existem até mesmo duas teorias sobre o porquê desses seres abissais começarem a ser avistados somente a partir de 1990. Uma delas supõe que as criaturas viviam nas calotas polares, e que seu derretimento teria influenciado tais avistamentos. Já a outra teoria sugere que os Ningen são uma raça de extraterrestres, que vieram para a Terra a partir desse período, vivendo na Antártida justamente por serem adaptados a condições parecidas. Com isso, a marinha estaria ocultando as informações detalhadas que possuem sobre eles.
Aparentemente não existem relatos de ataques dos Ningen, eles apenas nadariam velozmente em torno das embarcações. Testemunhos também sugerem uma posição estática dessas criaturas marinhas, quase inanimada, despertando pânico e insanidade nos marinheiros pela estranheza de seu ato. Dizem também que seu canto mais parece uma lamentação. Sendo assim, a melancólica melodia poderia ser apenas o som de animais polares ainda não descobertos. Ou então, para os mais crentes, seriam os Ningen clamando por um retorno ao seu planeta natal.
Caio Sales é ilustrador e escritor, autor da série O Imaginário do Mundo. Pós-Graduado em Marketing pela PUC-Campinas, também é criador do blog My Creature Now, sobre criaturas mitológicas e lendas urbanas. @caiosales_art | Acesse: www.mycreaturenow.com