Horas após o governador João Dória anunciar o início da vacinação contra o Covid-19,a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) divulgou uma nota afirmando que ainda faltam vários processos para a obtenção do registro da vacina Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceira com o Instituto Butantan.
Segundo a Anvisa, o Butantan não encaminhou os dados da terceira fase de testes clínicos da vacina, a etapa final antes do registro. A agência ainda diz que o relatório de inspeção na fábrica da Sinovac é um passo importante para o registro e deve ficar pronto entre o dia 30 de dezembro e 11 de janeiro.
O almirante Antônio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa, elevou o tom e afirmou à rádio Jovem Pan e disse que agência trabalha no “mundo real, o mundo científico”. Barra Torres, disse que a Anvisa não fixou um mês ou dia para a aprovação do imunizante. “Os que se interessarem podem solicitar o uso emergencial (da vacina) a qualquer momento. A partir de então, buscaremos fazer uma análise bem feita e no menor tempo possível. No entanto, não fixamos um mês ou dia de aprovação. Para as autoridades que assim fazem, desejo boa sorte. Enquanto isso, continuaremos trabalhando com o mundo real, o mundo científico”, disse o almirante.
Anúncio – O Governador João Doria anunciou ontem o Plano Estadual de Imunização contra o coronavírus. A campanha vai começar no dia 25 de janeiro, com prioridade para profissionais de saúde, pessoas com 60 anos ou mais e grupos indígenas e quilombolas na primeira etapa. São Paulo também vai disponibilizar 4 milhões de doses da vacina do Instituto Butantan para outros estados.
“A vacina será gratuita para todos no sistema público de saúde do estado de São Paulo”, afirmou o Governador.
A previsão é que 9 milhões de pessoas sejam imunizadas na primeira etapa, com a aplicação de 18 milhões de doses. O público-alvo prioritário abrange trabalhadores na linha de frente de combate à COVID-19, indígenas e quilombolas e também a faixa etária com maior índice de letalidade por COVID-19 – 77% das mortes provocadas pelo coronavírus até agora são de pessoas com mais de 60 anos.
A campanha será coordenada pela Secretaria de Estado da Saúde e implementada em parceria com as 645 prefeituras de São Paulo. O objetivo é dobrar o total de postos de vacinação dos atuais 5,2 mil para até 10 mil locais.
O Governo do Estado vai propor aos municípios a adoção de normas especiais para vacinação em farmácias, quartéis da Polícia Militar, escolas, terminais de ônibus e postos volantes em sistema drive-thru. O objetivo é garantir a segurança da população e evitar aglomerações nos locais de imunização.
A estimativa é que o esquema de logística e segurança pública para o Plano Estadual de Imunização envolva cerca de 79 mil profissionais, com 54 mil trabalhadores do setor de saúde e 25 mil agentes de segurança, entre policiais militares e guardas civis municipais.
O cronograma estipula cinco etapas de vacinação a partir do início da campanha (confira as datas abaixo). Até o fim de março, o Governo de São Paulo estima que quase 20% dos 46 milhões de habitantes do estado estejam imunizados com duas doses da CoronaVac e conta com a rápida aprovação da vacina do Butantan pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
A CoronaVac é desenvolvida em parceria internacional entre o Instituto Butantan e a biofarmacêutica Sinovac Biotech. O resultado da fase 3 com o índice de eficácia do imunizante deve ser divulgado na próxima semana.
Estudos clínicos já demonstraram que 94,7% dos voluntários não tiveram evento adverso. Dos que apresentaram alguma reação, 99,7% relataram sintomas de baixa gravidade, como dor no local da injeção e dor de cabeça leve. Artigo publicado na revista científica The Lancet apontou que a vacina do Butantan produziu resposta imune em 97% dos participantes dos estudos.