Essa é a pergunta cuja resposta é uma só: um time instável, previsível e sério candidato ao rebaixamento. E por quê? Porque tem um treinador limitado que não só destruiu o modo de jogar de um conjunto de sucesso, que necessitava de mudanças pontuais, como também deteriorou o relacionamento com a maioria dos jogadores.
A partida contra o Fortaleza, neste sábado (29), foi um retrato fiel do que ocorre nos bastidores (vestiário). O time tem problemas emocionais e as mudanças constantes na escalação evidenciam que é chegada a hora da diretoria intervir.
Antes de usar a desculpa da expulsão do lateral Weverson, diante de um Fortaleza que está longe de ser uma Brastemp (sinônimo de qualidade), é preciso analisar o que o time fez no primeiro tempo. Ou melhor, o que o time não fez. Em 45 minutos deu UM CHUTE a gol, por intermédio do zagueiro Léo Realpe. O técnico já errou na escalação, mudando três jogadores considerados titulares. E a certeza de que não tem mais o time na mão, foi nova mudança de capitão.
O jogo – Em campo, o time escolhido por Conceição foi uma caricatura. Sem conjunto, sem esquema tático. A primeira jogada que conseguiu articular foi aos 35 minutos, quando Artur cruzou para a pequena área e Morato chegou atrasado. Pouco antes, Léo Realpe arrematou na intermediária, para fora.
Aos 38 minutos, depois de ter perdido um gol, Wellington Paulista não vacilou e ao receber a bola em meio à dupla de zaga, por cobertura, em linda jogada, abriu o marcador, com a meta bragantina vazia. O goleiro Cleiton estava muito adiantado.
Logo na sequência veio a deblacle: o lateral Weverson, em entrada violenta, acabou expulso, piorando o que já estava ruim. Com dez jogadores a busca pelo empate se tornou quase impossível.
Etapa final – O reinício de jogo não foi muito diferente da etapa inicial. Sem poder de reação, o Bragantino assistiu a um Fortaleza que valorizava a posse bola e só chegava ao ataque sempre pelo lado direito. Aos 10 minutos, por absoluta benevolência da arbitragem e do VAR, o zagueiro Léo Realpe também não foi expulso, em carrinho violento em atacante do tricolor cearense.
As tentativas do time de Conceição em buscar o ataque eram desordenadas, sem criatividade e sem verticalidade. Artur, que não vem jogando bem, era o único a tentar pelo setor direito, mas sozinho pouco conseguiu, assim como Bruno Tubarão.
Aos 14 minutos veio a pá de cal: gol de Romarinho, sempre pelo lado direito do ataque, que Felipe Conceição fez o favor a Rogério Ceni de deixar o setor sem um lateral de ofício. A jogada começou com David, que tentou um toque de letra e a bola sobrou para Romarinho, que emendou um chute que bateu no travessão e foi morrer nas redes. Dois minutos depois quase que Wellington Paulista repete o primeiro gol, em novo chute por cobertura.
Aos 17 minutos Felipe Conceição deu início ao que se convencionou chamar, no futebol, de ‘samba do crioulo doido’: promoveu uma série de substituições, já dando sinais de desespero. Tirou o único jogador lúcido de um time perdido, Bruno Tubarão, e fez entrar o volante Barreto. Aos 21′ sacou Lucas Evangelista e colocou Leandrinho, e quase o time leva o terceiro gol, através de Romarinho.
Aos 35′ minutos, tempo de jogo preferido do técnico para promover alterações, fez logo três: tirou Weverton para colocar Aderlan, saiu Artur e entrou Luís Phelipe e saiu Ricaro Ryller para entrar Hurtado. E o time continuou a produzir nada.
Aos 40 minutos, para coroar sua performance, Wellington Paulista marcou o terceiro gol do Fortaleza. Novamente em jogada por onde o Bragantino não tinha lateral: Gabriel Dias cruzou para dentro da área e o artilheiro bateu firme sem chance para Cleiton. E restou rezar para o árbitro encerrar a partida.
O time – Cleiton: Adotou como forma de jogar, em boa parte dos jogos, como se fosse líbero, ou seja, fora da meta. Um dos gols foi justamente quando estava longe dela. No mais, fez duas boas defesas. Wewerton: Não esteve à altura de Aderlan. Não tem o mesmo volume de jogo quando há necessidade de apoiar. Léo Ortiz: já dissemos em outras oportunidades que é o único da defesa a jogar bem, mas se sente perdido em meio a constantes mudanças na escolha de seus companheiros. Léo Realpe: Não comprometeu. Weverson: Invenção do técnico. Em várias partidas foi escalado como segundo volante ou até como meia e neste jogo como lateral. Não joga bem em nenhuma delas. Ricardo Ryller: Outro que tem sentido o peso de não ter companheiros à altura e ontem não conseguiu se salvar da mediocridade. Lucas Evangelista: Não se encontrou dentro de campo e nada produziu. Bruno Tubarão: Tentou ajudar de todas as maneiras, mas também sozinho pouco conseguiu. Artur: Pelo menos correu mais desta vez, mas não o suficiente. Chrigor: Não fosse pelo anúncio de sua escalação e ninguém saberia que esteve em campo. Muito jovem para entrar num time desfigurado. Morato: Continua a fazer o de sempre, nada! Os substitutos acabaram naufragando, como era de se esperar. Felipe Conceição: Tem um time diferente a cada jogo e por isso escala mal, não tem um esquema de jogo-padrão e embora não queira admitir, tem problemas com a maioria do elenco.
FORTALEZA 3 x 0 BRAGANTINO
Local: Arena Castelão, Fortaleza (CE)
Data: 29 de agosto de 2020 – Sábado – 21 horas
Árbitro: Rafael Traci (SC/Fifa) – Assistentes: Ales dos Santos (SC) e Eli Alves (SC)
Público e renda: Portões fechados
Cartões amarelos: Bruno Melo e David (Fortaleza) e Aderlan e Léo Realpe (Bragantino)
Cartão vermelho: Weverson (Bragantino)
Gols: Wellington Paulista aos 38′ e aos 85′ e Romarinho aos 59′ (Fortaleza)
FORTALEZA: Felipe Alves, Tinga (Gabriel Dias), Jackson (Paulão), Quintero e Bruno Melo; Felipe, Romarinho (Fragapane) e Marlon; David (Yuri César), Wellington Paulista e Osvaldo (Ederson). Técnico: Rogério Ceni.
BRAGANTINO: Cleiton, Weverton (Aderlan), Léo Ortiz, Léo Realpe e Weverson; Ricardo Ryller, Bruno Tubarão (Barreto) e Lucas Evangelista (Leandrinho); Artur (Luís Phelipe), Chrigor (Jan Hurtado) e Morato. Técnico: Felipe Conceição.